sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

SUJEITO



Na porta de minha casa estava um colega meu a desfrutar do horário vago de suas aulas. Digo colega, mas na verdade meu contemporâneo de trabalho. Ele é educador. Bom tê-lo encontrado naquela hora. Queria mesmo desabafar o que me doía cá dentro do peito. Fiz o possível para que entrasse em meu lar. Tudo para ver o que eu havia de escrito apenas para descontrair-me; ou para extravasar o que há muito queria soltar da garganta.
Mas nem foi preciso, ele mesmo foi soltando umas risadas e dizendo com anda a educação em nosso País. Melhor do que ele era impossível haver outro para tecer tal comentário. Ele já foi aluno na Universidade Federal.  Tempos de sala de aula já constava em seu currículo, estava com experiência de sobra. Calmo e com voz mais do que mansa foi logo soltando as suas:
- A educação anda de mal a pior. Parece que os velhos educadores estão partindo de vez. No momento, os novos aprendizes estão “vendo a vovó pela greta”. Estão como que pessoa que busca a ponta do novelo de lá todo embolado. Acredito que estão com dificuldades imagináveis. Também, não era para ser do contrário, pois nos bancos escolares não ensinam mais magistério da educação, a infraestrutura da escola, a psicologia, a didática... Penso que se qualquer indivíduo quiser o exercício da educação deverá correr em busca destas aprendizagens.
Momento em que soltou belas risadas.
Concordei-me com ele. Quis dar minhas sugestões, mas ele continuou:
- Nas aulas de geografia, os pontos cardeais se perderam nas tangentes; na matemática as tangentes vazaram  pelos ares; na ciência os gases se confundem com os ares e estes na química deixam de serem explicados, pois não deu tempo de chegar a este capítulo. Por falar em capítulo, os nossos alunos recebem os livros e não sabem que estes são para desfrute do aprender e o professor esquece que eles são fontes do ensinar.
Há livros hoje vêm acompanhados de CD para facilitar mais a vida do aluno e do professor, mas nem um nem outro dele faz uso.
Por falar nisso e o aprendizado de nossa Língua Pátria? Este está mais capengando do que servindo como matéria. Ah! Se a nossa Língua Pátria está assim, quem dirá a Língua Estrangeira.
Para o professor de Língua Estrangeira, é o bastante ensinar “do e o does”.  Quando lhe é perguntado alguma coisa, obtém se esta resposta: No, I don`t  speaking English.
Outro dia perguntaram ao da Língua Portuguesa sobre os tipos de sujeito assim:
- Professor, fale-me sobre os tipos de sujeito.
Ele respondeu:
Sujeito Composto: É o sujeito que tem dois nomes, por exemplo: Antônio Maria foi um grande homem. O sujeito composto neste caso é Antônio Maria.
Sujeito Oculto: É o sujeito que deve muito e se esconde quando aparece o cobrador.
Sujeito Simples: É aquela pessoa simples que mora muitas vezes no meio rural.
Enfim, o Sujeito Indeterminado: É aquele que se diz indeciso.
Eu e aquele homem calmo, conhecedor de suas palavras ficamos por alí a soltar gargalhadas. Forcei-lhe mais o convite para entrar em meu lar até que aceitasse. Aceitou e entrou. Apreciou o que eu havia de escrito, mas o tempo lhe era curto, chamaram-no para a aula e lá se foi.
Agora fico cá pensando com meus botões: Será que a educação vai mal assim?

JOÃO E. SÁ

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente ..