Na porta de minha casa estava um
colega meu a desfrutar do horário vago de suas aulas. Digo colega, mas na
verdade meu contemporâneo de trabalho. Ele é educador. Bom tê-lo encontrado
naquela hora. Queria mesmo desabafar o que me doía cá dentro do peito. Fiz o
possível para que entrasse em meu lar. Tudo para ver o que eu havia de escrito
apenas para descontrair-me; ou para extravasar o que há muito queria soltar da
garganta.
Mas nem foi preciso, ele mesmo foi
soltando umas risadas e dizendo com anda a educação em nosso País. Melhor do
que ele era impossível haver outro para tecer tal comentário. Ele já foi aluno
na Universidade Federal. Tempos de sala
de aula já constava em seu currículo, estava com experiência de sobra. Calmo e
com voz mais do que mansa foi logo soltando as suas:
- A educação anda de mal a pior.
Parece que os velhos educadores estão partindo de vez. No momento, os novos
aprendizes estão “vendo a vovó pela greta”. Estão como que pessoa que busca a
ponta do novelo de lá todo embolado. Acredito que estão com dificuldades
imagináveis. Também, não era para ser do contrário, pois nos bancos escolares
não ensinam mais magistério da educação, a infraestrutura da escola, a
psicologia, a didática... Penso que se qualquer indivíduo quiser o exercício da
educação deverá correr em busca destas aprendizagens.
Momento em que soltou belas risadas.
Concordei-me com ele. Quis dar
minhas sugestões, mas ele continuou:
- Nas aulas de geografia, os pontos
cardeais se perderam nas tangentes; na matemática as tangentes vazaram pelos ares; na ciência os gases se confundem
com os ares e estes na química deixam de serem explicados, pois não deu tempo
de chegar a este capítulo. Por falar em capítulo, os nossos alunos recebem os
livros e não sabem que estes são para desfrute do aprender e o professor
esquece que eles são fontes do ensinar.
Há livros hoje vêm acompanhados
de CD para facilitar mais a vida do aluno e do professor, mas nem um nem outro
dele faz uso.
Por falar nisso e o aprendizado de
nossa Língua Pátria? Este está mais capengando do que servindo como matéria.
Ah! Se a nossa Língua Pátria está assim, quem dirá a Língua Estrangeira.
Para o professor de Língua Estrangeira,
é o bastante ensinar “do e o does”. Quando
lhe é perguntado alguma coisa, obtém se esta resposta: No, I don`t speaking English.
Outro dia perguntaram ao da Língua
Portuguesa sobre os tipos de sujeito assim:
- Professor, fale-me sobre os tipos
de sujeito.
Ele respondeu:
Sujeito Composto: É o sujeito que tem dois nomes, por exemplo: Antônio Maria foi um
grande homem. O sujeito composto neste caso é Antônio Maria.
Sujeito Oculto:
É o sujeito que deve muito e se esconde quando aparece o cobrador.
Sujeito Simples: É aquela pessoa simples que mora muitas vezes no meio rural.
Enfim, o Sujeito Indeterminado: É aquele que se diz indeciso.
Eu e aquele homem calmo, conhecedor
de suas palavras ficamos por alí a soltar gargalhadas. Forcei-lhe mais o convite para entrar em meu lar até que aceitasse. Aceitou e entrou. Apreciou o
que eu havia de escrito, mas o tempo lhe era curto, chamaram-no para a aula e lá se
foi.
Agora fico cá pensando com meus
botões: Será que a educação vai mal assim?
JOÃO E. SÁ
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