quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

REVOLUCIONÁRIO



Hoje liguei o meu computador.
Faço tudo igualmente todos os dias, mas hoje ele demorou abrir a tela. Coisa mais estranha! Isto quase sempre não acontece. Talvez seja por que estou aborrecido com ele ou com outra coisa, qual não sei.
Pode ser que seja alguma desavença entre eu e meus filhos. Mas gosto tanto deles... A minha vida gira totalmente em tornos deles.
Hoje as minhas vistas amanheceram ardendo, sei não, parece alguma infecção, mas não disse a ninguém o que estava ocorrendo não queria aborrecê-los. Sempre pensei em ser o aborrecimento e não o aborrecedor.
Vou deixá-los pensando que sou o herói imortal. Porém sei que sou mortal.
O computador hoje me deixou irritado. Briguei com ele. Falei tantos palavrões, mas ele não quis me responder, ou melhor, demorou abrir a Microsoft Word para que eu pudesse logo indo descarregar os meus sentimentos.
Mas o estranho mesmo era a distância que me encontrava deste mundo: Muito perto e muito longe. Perto porque sentia o respirar das pessoas e longe por que  me relacionava com o mundo,
Outro dia, precisei de meu filho para ajudar-me a resolver um assunto diante desta máquina de comunicação, o computador. Gozado! Garoto inteligente! Não Sabia. Ele foi logo mostrando as unhas e me deixou boquiaberto. Numa habilidade sem igual fez tudo aquilo que desejaria ter realizado.
Mas o negócio não é somente isso. Tem mais ainda: A máquina às vezes não me responde, penso que estamos nos desentendendo, eu e a máquina, assim como acho que nunca irei entender os meus filhos. Mas também meus filhos são desta geração e eu já passei por três gerações. Pode ser que isso seja um conflito de gerações.
É conflito. O mundo também está em conflito. Tal conflito é denominado de “Globalização”, mas até onde isto pode vir atingir a nós pequeninos?  Ah! Já sei, pode ser o domínio do petróleo; o poder do Dólar; a ganância dos que pensam ser imortais. Mas o que tenho a ver com isso? Nada. Como dizem: Não pedi para estar aqui. Mas desde que estou é preciso saber viver.
Mas quanto aos meus meninos... Não querem ouvir-me. Somente o tempo irá dizê-los que o valor do mais pobre supera o valor do mais rico através do saber e o saber somente é adquirido através do conhecimento e o conhecimento somente é através do esforço do querer aprender.
As minhas forças estão se esgotando, mas hei de lutar até que a última gota de meu sangue seja derramada. Lutarei contra a evolução de tal forma que estarei sempre sendo um revolucionário; lutarei contra a indignação, pois serei sempre digno; contra a desonestidade com a minha honestidade. Falarei sempre: Somente o conhecimento poderá derrubar muralhas e não há muralhas derrubadas sem conhecimentos. Aí que queria que meus filhos me ouvissem.
Contudo não me esquivarei jamais. Meu lema sempre foi “Hei de Vencer”.
Digo sempre a eles, “meus filhos”, a máquina pode ser melhor do que o homem, mas não há máquina que trabalhe sem que exista o homem.
Em todo amanhecer estarei sempre a despertá-los.
Enfim, digo-lhes que somente com conhecimento e mais conhecimentos é que as barreiras deixarão de serem obstáculos.
Farei tudo por eles. Deixarei de fazer por mim e tudo por causa deles. Na esperança de que cada um seja entre a sociedade aquilo que ela espera: Alguém que possa representá-la dignamente.
Vejo-me exausto, porém não entregue.
Como disse: Sou revolucionário.

João E. Sá

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