terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

MEUS MENINOS E MEUS BICHOS




Acho que estou ficando velho, como já disse numa outra crônica, ano passado, dois mil e doze, completei sessenta anos, aposentei-me. Agora quero acompanhar o andamento de meus filhos, tenho dois, um casal, a menina conta com quinze anos e o menino está com treze anos, Tauane o nome dela e dele Samuel. Pois então, hoje está tudo muito diferente. A criançada aprende rapidamente as coisas. Computador para eles é coisa já ultrapassada e o que para mim tenho muito para se descobrir. Quando navegam na internet usam uma linguagem internauta, aí fico abestalhado com tanta agilidade que enviam as mensagens. Tentar até que tento. Aprendi com eles umas coisas como, por exemplo: rsrsrsrs; kkkkkk; tbm; fala vei, esta aí anda como gíria na boca popular; ñ; c é d+ e tantas outras abreviações que no momento acabo me esquecendo. É isso ai vei...
Agora, fico pensando e a mim perguntando: Será o que esta juventude está aprendendo nos bancos escolares?
Deixa isso para lá. Apenas cuido de dar aos meus uma boa educação. Porém acredito que a juventude hoje está globalizada.
Ah! Já ia me esquecendo do que queria expor nestas entrelinhas. Queria falar mesmo era de meus filhos e meus bichos.
Meus filhos são pessoas apenas de desejos, mas espero que a vida possa ensiná-los melhor. Quando ainda eram pequenos e nem haviam entrado para a escola e não havia computador, celular, carro. Estas coisas não estavam no meu pensamento, mas apareceu uma chance e comprei de segunda m computador, nem me recordo mais qual era a sua memória, sei que era devagar e quase parando, muito diferente dos tops de hoje. Depois de alguns anos o celular chegou em nossa cidade. Imediatamente comprei um, Nokya. Achei a coisa mais linda, porém não tinha para quem ligar e não recebia ligações de ninguém, então pensei: Para que aquele aparelho se não me serve para nada ou quase nada. Digo quase nada porque ele me servia como relógio. Fiquei com aquela coisa por mais ou menos uns dois meses, depois achei um bom negócio nele, ofereceram-me quatorze galinhas e um galo na barganha. Não exitei. Imediatamente fechei o negócio. Começou ai então o criatório dos bichos. As galinhas botavam muito, mas o lucro ficava na compra da ração, acabei por jogá-las na panela uma a uma, mas ainda resta uma e um galo no terreiro. Também meus meninos não valorizaram aquele meu negócio. Nem deram bolas para as galinhas.
Comprei para eles um coelhinho branquinho. A princípio até queriam dar banho no bichinho, foi uma festa. Mas pouco tempo depois já nem queriam olhar para o lado da gaiola em que ele ficava. Passei a adotá-lo com muito carinho. Mas dava um trabalho! Era ração, capim, cenoura, lavar a gaiola, pois a urina do danadinho fedia demais. Cresceu como um reizinho e engordou como um frade. Então pensei: Vou jogá-lo na panela tal qual fiz com as galinhas. Somente esperei que estivessem ausentes para não presenciar a morte do querido Zué, assim era chamado. Quando chegaram para o almoço, perguntaram o que tinha na panela, respondi a eles que era mais uma galinha que estava no terreiro. Comeram e acharam uma delícia, porém quando descobriram que era o Zué foi uma choradeira sem fim. Para que pudessem acalentar disse-lhes que compraria outro animal para eles, então me pediram para comprar um peixinho dourado. Para que aquela choradeira acabasse afirmei a compra. No outro dia já estava com um belo aquário na sala de nossa casa.
Desse, até que gostaram. Não deu muito trabalho para mim, a não ser a troca semanal da água do aquário, pois comida era com eles mesmos. Passado coisa de dois meses mais ou menos, já haviam batizado o peixinho de Demo Dourado. Nesta época já estavam na escola. Na saída de casa para a escola despediam do Demo como se ele fosse gente. Não é que ele parecia estar entendendo os meninos? Nadava de um lado para o outros, subia e descia, numa alegria enorme.
Porém o Samuel que não sabia sobre peixes de aquário, derramou muita ração para o Demo e o resultado no dia seguinte foi encontrar o peixinho de barriga inchada e virado para cima, estava morto. Comeu ração demais. Penso que morreu intoxicado. Aí, novamente foi aquele chororô até que resolveram fazer o velório e o enterro do peixinho dourado.
Voltaram do enterro triste e para que a alegria se estampasse no rostinho deles fiz promessas de comprar outro animalzinho para eles. Então me pediram que comprasse um ramster.
Por má sorte minha apareceu no dia seguinte na Praça Ildefonso Coelho da Rocha, o vendedor de animais domésticos. Eram peixes, ramster, tartaruguinhas... Estava passando por lá e comprei um ramster, uma gaiola e ração. Comprei para os meus filhos. Disse má sorte porque sabia que iria sobrar para mim os cuidados com os bichos.
Bom mesmo é quando me pediram para comprar um cachorro. Aí fiz de contas que nem ouvi, mas por má sorte a minha, o visitar na fazenda um cunhado meu, por lá havia criado uma cadela uma quantidade de 09 filhotinhos. O Samuel pediu a seu tio um cachorrinho. Ganhou um cinzento e gordinho, já estava desmamado. Até que gostei, pois assim não teria que comprar o cachorro que me pediram. Colocamos o presente dentro de uma caixa e trouxemos para casa. Providenciamos no dia seguinte fazer uma casinha para o cãozinho que ainda não havia sido batizado pelas crianças. Um perguntava ao outro qual nome deveria dar aquele cachorrinho, até que resolveram chamá-lo de Spicke. Então daquele momento em diante passou a ser não só simplesmente um cachorrinho, pois tinha um nome Spicke.
Outro dia formos à Casa do Fazendeiro levar o Spike para ser vacinado, compramos para ele uma correntinha e também vermífugo. Todo cachorro naquela idade toma remédio para vermes. Spicke foi crescendo e já dava os primeiros latidos. Estava ficando encorpado, brincalhão. Não podia ver um sapato no chão que ia logo dando as suas mordidinhas. Até que por infelicidade dele acabou por estragar uma sandália nova que a mãe das crianças havia comprado recentemente. Por falar em mãe das crianças, o nome dela é Conceição Cristina. Ela não fazia muito questões de ter animais em casa, ainda mais atentado com o Spicke. Ah! Coitado do Spicke! Quando ela chegou do trabalho encontrou a sandália toda mordida e já sabendo da peraltice daquele animal foi logo pegando uma correia e largou a peia no lombo do bicho que saiu aos latidos. Coitado! Apanhou como gente grande. Será que o Spicke estava sabendo pelo qual motivo estava entrando naquela peia? Acredito que não, pois continuou em outros dias a fazer o mesmo. Quem quer criar cachorro tem que passar por isso e outras coisas, tais como: limpar os dejetos; fazer a papinha; agüentar o latido de choro do cãozinho e muito mais. Íamos acostumando com aquele cão. Parecia que ele era nosso há muitos anos.
Recebemos uma visita inesperada. Uma revendedora de cosméticos, que a minha esposa representa e quando esta visita colocou os olhos na casinha do Spicke ficou maravilhada, então perguntou à minha esposa se gostaria de ganhar um cachorrinho de raça, Pincher Alemão. Para não fazer desfeita, minha esposa, aceitou o presente. Naquele momento não me encontrava em casa. Somente quando cheguei é que fiquei sabendo que ganharíamos um cachorro de raça. Não demorou muitos dias e o presente chegou, também não estava em casa. Aquela revendedora trouxe consigo uma cadela e seu filhote para que minha esposa pudesse escolher qual deles queria. Minha esposa preferiu a cadela, pois já estava mais obediente às ordens.
Juntamente com a cadela veio o cartão de vacina que já havia um nome gravado, Sindy. A partir daí todos nós passamos a chamá-la assim. A Sindy passava magrela com o Spicke, pois este não deixava a cadela um minuto sequer sossegada e na hora da refeição. Ela nem podia aproximar da vasilha. A Sindy ainda está em nossa companhia.
Em um determinado dia o Spike que já crescido deu de querer comer as minhas galinhas, deu de querer não, rasgou uma delas que veio a falecer depois. Não gostando muito daquele gesto, falei com todos que iria mandar o Spicke embora. Outra vez aquele chororô. Mas como não havia gostado mesmo nem importei com as lamúrias fui logo providenciando um saco, coloquei o bicho dentro e joguei no bagageiro do carro e lá fomos direção a Guanhães, fazer o descarte do cãozinho. Andamos coisa de mais ou menos cinco quilômetros e por ali soltamos o peralta.
Voltamos imediatamente para que ele não nos percebesse. Os meninos a olhar para trás inconformados com a minha atitude, mas não estava nem aí. Não queria ter cachorro em casa mesmo. Bom, naquele dia, bateu um grande arrependimento em mim. Porém não quis dar o braço a torcer. Mas outros dias vieram e eles acabaram se esquecendo do Spicke.
O tempo foi passando e em umas das minhas idas à Belo Horizonte, para fazer revisão médica,  levei comigo a esposa e meu filho. Eles iam realiza algumas compras, momento em que o Samuel pediu-me para que comprasse para ele uma calopsita. Então fomos ao Mercado Municipal. Lá saímos em busca de uma que fosse branquinha e de bom preço R$150,00 (Cento e Cinqüenta Reais), enfim encontramos vária numa loja. Escolhemos a branquinha que foi colocada em uma caixa de sapatos para a viagem.
Chegamos em casa, a primeira coisa que eles fizeram foi a escola do nome para a calopsita. Deram-lhe o nome de Leleco, por acreditarem que a calopsita era macho, mas até hoje não se sabe qual é o sexo dela, pois é necessário levar a um veterinário e aí vai ter gasto.
Mais um problema para mim. Tenho agora, meus filhos, duas galinhas, um galo, a Cindy e o Leleco. Quase não me sobra tempo. Na parte da manhã fico ocupado em tratar dos bichos enquanto eles estão para a escola. Quando chegam, nem perguntam pelos bichos. 
Não sei o que deu na cabeça do Samuel, mas inventou de possuir um periquito australiano. Fez tanto que acabei por comprar um por R$5,00 (Cinco Reais), comprei ainda um viveiro novinho por R$60,00 (Sessenta Reais). Vejam: Além obter mais um animal, eu tive que desembolsar mais grana e por cima sabia que o trabalho de tratamento da ave seria por minha conta. Brincadeira não. É sério. Ele não parou somente com aquele periquito. Ficou sabendo que na casa de sua avó tinha um azul e que estavam doando. Não deu outra. Não pensou duas vezes e lá foi ele buscar o empenado. Pensam que parou por aí. Parou não. Desta vez um amiguinho de seu primo Pedro é quem tinha outro e mais um calafate para serem doados. Aumento os periquito no viveiro. Agora são: Três periquitos, um calafate, uma calopsita, além da Sindy, das galinhas e do galo.
O trabalho aumentou muito. Quando não é o Leleco querendo bater assas para voar, é a Sindy querendo abocanhar o coitadinho. Outro dia tive que tirá-lo da boca da Sindy.
Ah! Ia me esquecendo de mencionar a codorninha que fica no quarto de despejo, esta é minha mesmo. Desta eu cuido muito bem, pois ela põe um ovinho todos os dias, que servem para colocar na macarronada que a Conceição Cristina faz de vez em quando aos domingos.
Iche! Agora chega. É bichos... É crianças. Quero bicho mais não.
Mas outro dia, a doadora da Sindy queria apossar dela novamente. Isto depois de mais de cinco anos que já estava em nossa companhia. Que isso meu! Proposta feia! Para que ela desistisse da ideia mandei dizê-la que para resgatar a cadela teria que nos efetuar um pagamento de R$1.000,00 (Mil Reais). Nunca mais ela tocou no assunto. Nem por cá apareceu mais.
Agora é verdade. Quero bicho mais não.

João E. Sá

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