terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

GANHEI NA LOTERIA



Todos ou quase todos conheceram em São João Evangelista o Professor José Luiz Gonçalves, Professor Zé Passarinho como era assim chamado, ele já partiu do meio de nós e que Deus o tenha em bom lugar.
Hoje me bateu uma saudade enorme dele, daquele tempo em que era meu professor de história, além disso era também diretor das peças de teatro da Escola Agrotécnica Federal, que na atualidade é o Instituto Federal de São João Evangelista. Tempo bom aquele! Era na sala de aula quando ele colocava as mãos debaixo das axilas e começava a aula, dávamos risadas; ou quando ficava nervoso com os atores durante os ensaios, aí é caíamos  em risos.
Mas o que quero contar para todos é uma passagem interessantíssima que se deu na vida dele. O Professor gostava de umas bebidinhas de vez em quando, além disso, gostava também de fazer uma fezinha na Loteria Esportiva. Mas ele apenas compartilhava com cifras, pois de jogo não entendia muito não. Ele  e seus colegas da Escola Agrotécnica Federal fizeram então uma grande aposta. Naquela época não havia computador e os jogos eram apenas picotados em uma máquina. Assim foi feito aquele jogo. Participava daquele bolão além do Professor Zé Passarinho uma coisa de mais ou menos nove pessoas.
Como de costume, tudo que os jogos acabavam isto no domingo, os fanáticos já sabiam do resultado, porém não sabiam a quantidade de ganhadores.
Naquele domingo, o bolão deu como resultado positivo para eles e todos foram contemplados. A alegria tomou conta dos componentes que não se contiveram e saíram comentando: “Ganhamos na loteria! Ganhamos na loteria!
Porém, o Professor Zé Passarinho somente ficou sabendo do acontecido lá por volta das vinte horas, momento em que seus amigos já se encontravam a festejar num restaurante que havia em frente ao Clube Social Recreativo de São João Evangelista, qual dono era o Senhor Juca Pires. Tão logo sabendo do resultado correu para juntar se ao grupo. Quando entrou no restaurante todos estavam a farrear. Então ele foi gritando assim: “Ganhei na loteria! Ganhei na loteria!" Momento em que um deles retrucou: "Nós ganhamos Zé. Nós ganhamos."
Ah! Naquela noite fizeram uma festa de arromba. Pediram bebidas para todos e beberam e comeram à vontade. Foi mesmo uma festa inesquecível. Contudo não haviam recebido o prêmio, lógico, aquela comemoração foi apenas pelo momento de euforia.
Quando chegou o final da festança, pediram a conta. O dono do restaurante então providenciou imediatamente, isto pensando em receber naquele momento. Eles olharam o valor que me salve o engano era de R$10.000,00 (Dez mil cruzeiros), uma quantia elevada para a época. Contudo, não assustaram, pois haviam ganhado o prêmio da Loteria Esportiva.
O Senhor Juca Píeres ficou por ali esperando que lhe fosse pago as despesas, mas um deles que estava responsável pelo bolão foi dizendo: "Senhor Juca, amanhã passarei aqui para acertamos."
O Senhor Juca, acreditando no compromissado ganhador, apenas balançou a cabeça em sinal de afirmação.
Todos foram para suas casas. Naquela noite, alguns estouros de fogos eram ouvidos e o comentário um só: Vocês viram? A Loteria Esportiva deu para São João Evangelista.
Outros indagavam: "Quem será o ganhador?" Tinha gente que já estava a par do acontecido ia logo dizendo: "Um dos ganhadores é o Professor Zé Passarinho, agora, tem mais nove que fizeram parte do bolão. Então são dez os ganhadores."
Quando me encontrava com professor, ele contava-me aquilo e dava as suas risadas. Disse-me que naquela noite os seus olhos não descansaram. Ficaram acesos a noite toda.
A segunda-feira chegou. O resultado também. Não se sabe até hoje a quantia de ganhadores, mas disseram-me que eram muitos e que o valor do prêmio na época foi de R$1.420,00 (Mil quatrocentos e vinte Cruzeiros) para cada ganhador. Como eles fizeram um bolão com dez pessoas. Isto implica que cada um iria receber R$142,00 (Cento e quarenta e dois Cruzeiros). 
Imaginem! A despesa dos ganhadores lá no restaurante foi de R$10.000,00 (Dez mil Cruzeiros), então significa que cada um teria que contribuir com uma parcela de R$1.000,00 (Um mil Cruzeiros) para pagar o Senhor Juca Pires. Tristeza!  E agora como fizeram para efetuar o pagamento?
Não sei se pagaram aquela dívida. Queria perguntar ao Professor Zé Passarinho, mas demorei muito. Ele já não se encontra no meio de nós. Poderia perguntar aos outros nove, mas não me recordo de nenhum.
Acredito que o Senhor Juca Pires ainda não viu a cor do dinheiro daqueles ganhadores até hoje. Mas que a festa estava boa estava. Muitos que estiveram presentes afirmam.Eu mesmo nunca havia presenciado outra igual. 


João E. Sá

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